Uma analogia: o conflito entre gerações, um professor dogmático e um aluno questionador.

escolaUm professor toma um indivíduo como aprendiz sem que ele tenha pedido ou autorizado. O que torna o ato legal é a tradição. O professor ensina sua matéria como máxima de conduta para o aprendiz. O aprendiz vive somente na escola até certa idade. Com o tempo, passa a ter contato com ideias externas. A diferença entre as ideias do professor e do mundo externo entram em conflito na mente do aprendiz. Mas o conflito é bom, esclarecedor. Ajuda o aprendiz a conquistar sua autonomia em relação aos ensinamentos dogmáticos do professor.
O aprendiz sugere debate. Quer entrar em um consenso entre o respeito a autoridade do professor e a admiração que mantém pelas novas ideias adquiridas fora da escola. O professor se vê ameaçado. Seu aprendiz já não mais se contenta com o que lhe foi ensinado na escola. O aprendiz se sente pressionado por ter que corresponder às expectativas do professor e ser proibido de contrariar seus dogmas. O professor restringe o contato do aprendiz com as ideias do mundo externo. Ele trabalha com censura. Diz fazer isso por amor.

O professor acredita que dogmatismo, repressão do pensamento crítico e proselitismo (em detrimento do debate) é a melhor proteção contra “as más influências do mundo”. “É tudo por amor” ou “estou fazendo isso para o seu próprio bem” parecem justificativas infalíveis para o professor. O professor criou o aprendiz para ser um robozinho que obedece com conformismo a todos os comandos, sem questionar. O professor sente que se o aprendiz “se desviar” terá falhado em sua função de educador.

As ideias pregadas pelo professor já se tornaram opressoras a tudo que o aprendiz acredita. Não é egoísmo do professor esperar que o aprendiz obedeça a comandos que não o fazem feliz…apenas para não ferir seu ego de “supremo educador” ?

⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀Justiça?- Texto pessoal

Dois amigos observavam de perto uma corrida entre o corredor de vermelho e o corredor de azul. Sabia-se que havia uma rixa entre eles há tempos e que os dois finalmente decidiriam quem seria o vencedor a partir de sua pontuação naquele dia. Foram eleitos por eles um juiz e um repórter para a abordagem do vencedor no final do percurso. Ambos os corredores estavam certos sobre sua superioridade e diziam a todos que tinham certeza de sua vitória porque era o mais rápido. “Venceria até mesmo diante de obstáculos, pedras no caminho, qualquer coisa”, diziam. E assim foi feito. Foram criados dois percursos diferentes, com obstáculos diferentes. O primeiro caminho era arenoso e tinha pouquíssimas pedras. O segundo caminho era irregular e coberto de cascalho. O primeiro para o corredor de vermelho, o segundo para o de azul.

Foi dada a largada e os corredores iniciaram confiantes seus percursos, mas logo que se depararam com os obstáculos, seus semblantes mudaram e as faces assumiram expressões de inconformidade. Ambos murmuravam e uma vez ou outra escutava-se a palavra injustiça. “Não é justo, o caminho dele é o mais fácil”, reclamavam, contrariando tudo o que haviam dito. Depois de alguns minutos, o corredor de vermelho chegou ao fim de seu percurso alguns minutos antes que o corredor de azul. Durante o caminho jurava reclamar que a diferença dos percursos era extrema e por isso injusta, mas como havia ganhado, nada foi dito. O vencedor ainda contava vantagem e dizia ao repórter que havia ganhado por mérito, pois seu caminho era mais difícil e isso não o impediu de vencer. Já o corredor de azul, reclamava da injustiça, assim como prometeu fazer durante boa parte do percurso.

A distância, os dois amigos observadores iniciavam um diálogo a respeito do que acabaram de ver:

Amigo 1:  O vencedor parecia prezar pela justiça quando pensou que os obstáculos de seu caminho o levaria a derrota, mas preferiu não tocar no assunto depois de ter ganho. Isso só confirma a ideia de que usamos a justiça como pretexto para beneficiar a nós mesmos. O que você me diz?

Amigo 2: Talvez. Mas justiça é justiça, não importa quem foi o vencedor. Os caminhos são desiguais, então foi sim injustiça.

Amigo 1: Na verdade foram eles que pediram. Diziam que poderiam ganhar mesmo com obstáculos. A situação parecia justa no momento da largada, porque eles concordavam com a presença de obstáculos, porque eles estavam certos de que iriam ganhar…

Amigo 2: Optaram pela injustiça, então. A justiça sempre é boa. Se os caminhos fossem iguais, toda essa confusão não estaria acontecendo.

Amigo 1: Certo. Até aí concordo, mas eu tenho certeza que se a situação fosse inversa, quero dizer, se o corredor de azul tivesse ganhado, não estaria reclamando sobre injustiça, da mesma forma que se o de vermelho tivesse perdido, reclamaria, como prometeu durante o percurso. Ou seja, o de vermelho só não reclamou porque ganhou e o de azul só reclamou porque perdeu. É um jogo de interesses. Usam a justiça ou a ausência dela para se beneficiar. Não se importam realmente com ela.

Amigo 2: Entendo seu ponto e concordo, mas a justiça está alheia a tudo isso. Observe que nós que apenas observamos a distancia sabemos muito bem que não foi justo, mas no ponto de vista deles, que têm seus interesses em jogo, a questão é bem diferente. A justiça em si ainda é boa, são eles quem a corrompem.


“Aqueles que criticam a justiça não a criticam por recearem praticá-la, mas por temerem sofrê-la.”

—  Platão


Mulheres no rock: Reversão das regras e críticas

Em 1975 surgia o primeiro grupo musical de rock composto apenas por mulheres: The Runaways. O choque maior, marcado pelo machismo característico de alguns tempos atrás, teria sido em função da relação contraditória da suposta delicadeza e leveza requerida em ambientes essencialmente femininos com a formação da banda e, principalmente seu conteúdo voltado à rebeldia, tema retratado comumente em bandas de rock mais tradicionais e, por assim dizer, antigas.

Cena do filme The Runaways

A atmosfera na qual as meninas estavam envolvidas acabou por mostrar ao mundo o ideal de uma mulher mais forte, madura, cujos objetivos vão muito além do que a sociedade da época esperava, talvez liberdade. E igualdade com o sexo oposto, principalmente! Mas fugir do tradicional, apesar de esse ter sido um grande passo para a inserção das “novas mulheres” na atualidade, foi também um marco na personalidade das mulheres que viriam futuramente, mas precisamente a nossa geração e a geração de nossos pais.

Enfim, redigir sobre feminismo em geral renderia um post inteiro, mas não é sobre isso que quero falar. Não especificamente! Quero falar apenas sobre as mulheres no universo do rock. Resgatando, as Runaways se sobressaíram justamente por transgredir o ortodoxo e os antigos rótulos femininos, e isso não era ruim. Não até que a dureza se tornasse ortodoxo também!

O que eu quero dizer é que com o tempo, assim que os limites femininos foram testados e conseguimos finalmente provar que somos tão capazes como eles em todos os aspectos, essa característica passou também a ser exigida pela sociedade. Eles esperam que você seja feminina, mas forte. E como qualquer coisa que cai nas exigências do povo vira obrigação, aqui estou eu para defender as atuais mulheres do rock!

Alissa W. G.

Quem conhece Alissa White Gluz, conhece também o aspecto mais marcante do seu timbre, o grutal. Frequentemente nas redes sociais vejo alguns metalheads comentando positivamente essa característica e associando-a ao único modelo de mulher forte, ao passo em que as mulheres com características opostas são exaltadas como “mimadinhas” ou “muito menininhas”. Percebem? Boa parte da sociedade alternativa rejeita regras ou tradições, mas atiram criticas a quem os contradiz. As regras vigentes são quebradas enquanto outras são criadas. Há uma reversão que tende a alimentar preconceitos tanto dentro da cena musical alternativa quanto no resto da sociedade.

Quando se trata de cultura alternativa, geralmente a estética da subcultura ou tribo remete o estilo musical característico, e isso também é um assunto amplo a ser discutido, mas enfim, quanto a isso, as mulheres iniciaram com sucesso seu papel musical na cena do rock com um atrativo a mais, que não chocou menos que a atitude: as roupas. A estética fetichista era marcante nas roqueiras daquele tempo. As vezes dito vulgar, e as vezes apenas peculiar… Mas o fato é que com o passar do tempo essas marcas estilísticas passaram a ser vistas com outros olhos dentro da sociedade alternativa. Obviamente, muitos ainda são adeptos e admiram tal estilo, mas em contrapartida, ainda há quem o ridicularize. E com isso, surgem mais desavenças e preconceitos. Sinais, de que a liberdade de expressão e de escolha, antes tão vivos na “geração rebelde”, vêm se perdendo e dando espaços a limitações.

“É uma coisa super irritante”, ela diz. “Eles estão julgando apenas pela aparência. Tabloides e toda essa merda, eles precisam preencher uma história para colocarem em palavras. Eu me visto como me visto e acho que as pessoas julgam um livro por sua capa. – Taylor Momsen sobre suas roupas.

Amy Lee

As pessoas dizem que eu não posso me vestir como uma fada. Eu digo ‘Eu estou numa banda de rock e eu posso fazer o inferno que eu quiser'” – Amy sobre sua fantasia no show.

All I Need por Sharon Den Adel, banda Within Temptation
Sharon Den Adel
Sharon Den Adel
I Miss the Misery por Lzzy Hale, banda Halestorm
Lzzy Hale